segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Kyoto - Cidade de Templos e Santuários

Kyoto é uma cidade que fica situada na parte central do Japão, região chamada Kansai e foi a capital do país até 1868, quando a capital passa a ser Edo (Tokyo). Possui uma população de 1,5 milhões de pessoas, sendo considerada a 7ª cidade do Japão.

Na época da 2ª guerra mundial, os EUA pouparam a cidade por considerá-la um centro intelectual. Devido a isso, ela conseguiu preservar muitos de seus templos e belíssima arquitetura. Aliás, o que não falta são templos – existem 1800 templos budistas e mais de 1000 shintoístas. Haja tempo e perna para ver tudo isso. Sim... a cidade possui alguns morros, cujos mais belos templos encontram-se neles. Obviamente é uma cidade onde não faltam turistas a procura do Japão mais tradicional.



To-ji , que significa “leste do templo” . Um templo budista situado bem próximo a estação de Kyoto. Apesar de ser muito grande, com vários jardins e ter o buda da medicina como figura mais importante, o que realmente chama a atenção é a enorme pagoda de 5 andares, medindo 54,8m de altura e considerada tesouro nacional. É a maior pagoda do Japão e foi construída em 1644.






Um dos templos mais famosos chama-se Kiyomizu-dera (patrimônio da Unesco), cuja construção é de 780 e reconstruído em 1633, o segundo templo mais antigo. É formado por uma série de edifícios, cujo um dos templos é todo de madeira na encosta de uma montanha. Mas o que chama mais atenção é a vista da cidade e seus jardins. Belíssimos.








O templo Ginkaku-ji , que significa “Pavilhão Prateado” data de 1482 e possui um jardim muito bonito também – todo feito de pedra dando a ilusão de ondas do mar, além de uma vista belíssima, visto que fica na encosta de um outro monte. Situado na parte leste de Kyoto, levou 8 anos para ser completado.





Kioto também é considerada a cidade cinematográfica do Japão, onde muitos filmes de samurais foram produzidos. Não conseguimos ver esta parte, apenas vários lutadores de sumô no trem que ia em direção a Osaka ( fotos e detalhes no próximo post).

O Bairro Gion é famoso por suas casas de Gueixa e muitos restaurantes e casas de chá. O bairro, construído na idade média, fica em frente ao Santuário Yasaka.





Gueixas são mulheres japonesas que estudam a tradição milenar da arte da sedução , dança e canto ( não são prostitutas) e se caracterizam pelos seus trajes e maquiagem tradicionais. Uma curiosidade: a nuca sempre está a mostra nas roupas mais tradicionais japonesas – dizem que os homens japoneses são encantados pelas nucas das mulheres.




E, apesar do frio intenso que fazia em Kyoto, a primavera começa a dar seus primeiros sinais por aqui !!!!!!


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

História do Japão - Parte 2

Vamos a uma pequena correção do post anterior sobre a História do Japão : Em 1859 , e não em 1959, que é assinado o tratado de Kanagawa entre os EUA e o Japão, e o país é reaberto ao mundo novamente. O Shogunato acaba.


Mapa antigo que mostra o Japão no centro do mundo


Tem início a Era Meiji, conhecida como “Era da Iluminação”. Com o final dos velhos Samurais ( são proibidos de usarem as espadas) o Japão se abre ao mundo e se moderniza. Muitos vão estudar no exterior, o país adota o calendário solar, introduzem escola e serviço militar obrigatório, nascem indústrias e rodovias, adotam o código criminal da França e o Sistema de Administração da Alemanha. O jeito de vestir se ocidentaliza. O Shintoísmo é adotado como religião oficial e o poder político do Budismo é abolido.



Em 1910 a Coréia é anexada ao Japão, mas o imperador é assassinado em 1912 por um Coreano.

Entre 1912 e 1926 (Taisho) temos um período com muitos problemas políticos e econômicos para o Japão. Existia uma grande disputa pelos mercados internacionais, com conflitos entre a Alemanha de um lado e a Inglaterra e Rússia de outro. Explode a 1ª Guerra Mundial e, devido a um contrato entre a Inglaterra e Japão, este se vê obrigado a participar lutando contra a Alemanha e aliados. Em 1922, a Conferência Naval de Washington dá grandes poderes ao Japão no pacífico, entrando em choque com a China. Neste momento, acaba a aliança com a Inglaterra.



Em 1923 acontece o grande terremoto em Tokyo e Yokohama, reduzindo as 2 cidades em escombros, matando mais de 140.000 pessoas e destruindo mais de 3 milhões de casas. O impacto desta catástrofe na economia é devastador. Em 1925 morre o Imperador.




Entre 1926 e 1989 (Showa) , período chamado de “Harmonia Iluminada” , temos o mais longo dos reinados dos Imperadores, Hirohito governa o país.
Em 1930 o Japão assina um acordo de desarmamento, mas em 1931 são descobertas armas, cujo pretexto era atacar as tropas Chinesas na Manchúria. Em 1933 o Japão sai da Liga das Nações.

Em 1936 se alia ao facismo Italiano e ao Nazismo Alemão. O Japão atua na Revolta Nanking na China e deixa os EUA furiosos. No final de 1941 entra definitivamente na 2ª Guerra Mundial atingindo Pearl Harbor ( na ilha Oahu no Havaí), e os EUA passam a fazer parte da guerra.

Em Março de 1945 Tokyo é atingido por 3 dias consecutivos, matando 100.000 e destruindo cerca de 700.000 casas. O Japão é chamado para assinar um tratado de rendição. Em 6 de Agosto de 1945, os EUA lançam a bomba sobre Hiroshima. 150.000 pessoas morrem instantaneamente. 3 dias depois, Nagasaki é atingida. Uma semana depois o Japão se rende, resultando em 2 milhões de mortos, 13 milhões sem casas, e o Japão está quebrado.



O Japão ainda participa da Guerra da Coréia em 1950, mas em 1951 é assinado um tratado de paz.

Em 1956 entra para as Nações Unidas e em 1958 é declarado completamente recuperado.





Hoje é a 2ª maior economia do mundo, possui a 9ª maior população, é o único país asiático pertencente ao G8, tem a maior expectativa de vida e a terceira menor mortalidade infantil. Sem dúvida, é o País do Sol Nascente !

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ginza e Kabuki: o moderno e o novo num mesmo Bairro



Ginza é, sem dúvida, o bairro mais chique e diferente de Tokyo. Andando pelas ruas centrais deste bairro de lojas imponentes, com suas inúmeras luzes, em nada lembra uma Tokyo dos tempos medievais.



Mas este bairro nasceu na Era Edo, durante o século XVII. Após o grande incêndio que devastou quase toda a área, este bairro foi reerguido no século XIX, tornando-se o lugar das lojas mais importantes do planeta.



O famoso prédio Ginza Wako, com seu relógio de 1932, lembra muito a influência européia por aqui. Aliás, influência essa que encontrei em um prédio de 1934 chamado hoje de Ginza Lion Beer House. Esse prédio foi erguido por um famoso arquiteto da época, chamado Eizou Sugawara, que levou 3 anos para concluir a construção. As cores vibrantes dos ladrilhos dos pilares dentro do estabelecimento vieram da Alemanha e eram grande novidade para esta época. Várias pinturas nas laterais e também no bar ao fundo, denotam bem esta influência.



Nos finais de semana, a avenida principal é fechada para o trânsito, deixando um corredor de prédios enormes, todos muito luminosos à noite, para o deleite dos pedestres. A todo o momento temos a sensação que algum carro vai passar.

À noite, essa infinidade de prédios ganham luzes por todos os lados. E as marcas ficam ainda mais visíveis. É uma verdadeira guerra de marketing. Mas aos olhos de uma simples pedestre, isso tudo parece mágica, pois mistura-se o tradicional com o moderno.








Mas o bairro não deixa de ter seu atrativo bem Japonês. Ali está o teatro Kabukiza, construído no século XIX, e abriga hoje peças do Teatro Kabuki.



Caracterizado por uma música bem exótica, o Kabuki foi criado por Okuni, uma serviçal de um templo Xintoísta que apresentava sua companhia feminina de teatro em Kyoto. Se tornou rapidamente a forma mais popular de teatro no Japão.

Porém em 1629, preocupado com a prostituição, o governo Japonês proibiu as mulheres de participarem das apresentações teatrais. Desta forma, até hoje, os papéis são todos interpretados por onnagata, atores masculinos que interpretam a beleza feminina.





Pode-se assistir vários atos ou somente uma parte da peça. Mas nem pensar sem tradução, pois se já traduzindo para o inglês, temos dificuldades de entender as peças com hábitos e situações bem Japonesas, imagina sem tradução !

Enfim, encontra-se do mais moderno ao mais tradicional em qualquer canto deste país com tanta história para contar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Um País Educado

Já contei aqui algumas das coisas que funcionam muito bem no Japão. Tudo bem planejado, bem pensado, com processos e levando a segurança sempre muito a sério.

Mas cada dia vejo algo ainda mais surpreendente.

A começar pela limpeza. É tudo realmente limpo : ruas, calçadas, praças, estações de trem e de metrô e banheiros públicos entre outros. Mas não é somente “limpo”, é cuidado !!! E não existem lixeiras nas ruas ( desde o atentado de 1995 não existem lixeiras publicas, e as das estações de trem são feitas de material transparente e com plásticos igualmente transparentes – além disso, existe uma “revista” feita pelos funcionários dos estações nestas lixeiras. Esse atentado aconteceu dia 20 de março de 1995 , onde uma seita religiosa lançou gás sarin no metrô de Tokyo matando 12 pessoas e ferindo outras 5.700). Como as pessoas não jogam nada fora, elas carregam consigo alguma sacola dentro da bolsa/mochila. Simplesmente uma questão de consciência mais que ecológica.



Nessa segunda-feira tivemos a primeira nevasca do ano por aqui. À noite quando saí da estação de trem próximo do meu hotel, encontrei uma camada considerável. Na manhã seguinte, parte do caminho até a estação estava parcialmente limpo. Alguém organizou uma “passagem” sem gelo por onde podíamos passar. E não é só isso. Nas estradas dos prédios, basta ter qualquer previsão de chuva/neve, que já é colocado um tapete próprio na entrada, junto com um porta guarda chuva para que o molhado fique concentrado neste utilitário.




Quando se compra alguma comida é outra surpresa agradável. Tudo é embalado de forma especial. Se for numa padaria, os pães/doces são colocados em embalagens individuais. Aqueles que necessitam de refrigeração ganham um “sachê” extra de gelo seco, de modo a não estragar o alimento até o lugar que se vai. Eles fazem questão de mostrar o prazo de validade dos alimentos, de contar o troco na nossa frente e, em muitas lojas, os atendentes saem de trás do balcão e entregam a sacola com o alimento na nossa mão, agradecendo com aquele gesto de baixar a cabeça e o tronco, além de vários “arigato gozaimas” !!


Banheiro público então !! Guardadas as proporções de decoração, eles não perdem em nada para os banheiros dos shoppings. Tudo é higiênico. Não tem papel para secar as mãos, pois todos aqui usam umas toalinhas de mão nas bolsas. Eu tenho a minha do desenho do Totoro. E, em quase todos os lugares tem álcool gel para combater a gripe H1N1.


Os táxis aqui possuem os bancos forrados, os motoristas ( quase todos são idosos) usam luvas brancas, as portas se abrem automaticamente e eles sempre saem para carregar qualquer bagagem. Só não falam em inglês, mas nada que um bom mapa impresso não ajude.


Os restaurantes possuem serviço exemplar. Todos !!! E olha que já fui a muitos. Água é de graça em todos, e não precisa pedir. Alguns oferecem ainda chá. Tem guardanapo especial para limparmos as mãos antes de comermos. Todo o serviço é rápido, desde a chegada do menu até a limpeza total da mesa, que é concluída sempre muito rápido. E, quando tem fila de espera, normalmente tem um banco para sentarmos, mas senta-se na “ordem” de chegada, e vai se mudando de posição na medida que outros vão entrando no restaurante ... e ninguém “fura fila” !






Por fim, trens e metrôs. As estações são verdadeiros shopping centers. Tem restaurantes, cafés, lojas de roupas e de souveniers (aqui é educado levar coisas de comer para o escritório ou mesmo para a família após uma viagem qualquer), informações, máquinas que vendem tickets, banheiros limpos, e claro, trens e metrôs no horário. Dentro dos trens não é permitido falar ao celular, então, o que mais se vê são pessoas mandando mensagens. Assento reservado para idoso é usado por idoso mesmo.




Enfim, não sei outra palavra para definir essas coisas todas que não “Educação”.